"A Raça mascarou-se de Comunidades. Mas o espírito mantém-se. A enaltação de uma pátria pútrida, ferida, triste e rancorosa. Serei pouco ou nada patriota? Nada. As fronteiras? Nos riscos do chão de hoje só vejo as guerras de ontem. A sorte de quem chegou primeiro ao lado certo do rio. A morte dos fracos que riscaram com o próprio sangue as alfândegas dos fortes. A divisão entre os dois lados da riqueza. A exploração politizada dos que pensam que um dos lados lhe pertence. A bandeira? Um pedaço de pano. Uma boa desculpa para tapar aquele vaso cuja planta já secava na varanda. Um orgulho hipócrita e desonesto. Uma boa desculpa para umas imperiais a mais de dois em dois verões futeboleiros. Camões? O bravo povo lusitano que ele outrora cantou, hoje o choraria. A língua, a música, as palavras, a comida. Isso sim, se devia celebrar. O que nos une, e não o que separa. Não consigo ver um único factor de união em tudo o que supostamente se celebra, no dia em que é uma boa desculpa para o presidente ir fingir que se preocupa com todo o Portugal."[F]