Quinta-feira, 25 de Outubro de 2007
"
...tentava encontrar em toda esta sequência de acontecimentos a tal magia africana a que todos nós nos referimos quando nos dirigimos aos nossos tristes paroquianos com aquele ar de comiseração porque nunca tiveram a ventura de passar do equador para baixo e lhes falamos dos cheiros, dos sabores, das cores, do pôr do sol, dos coqueiros, dos camarões, das queimadas e de outras africanices que nos marcam para o resto da vida. Pensei que a magia africana assentava num certo optimismo e benevolência e perguntei a uma hospedeira (sempre a mesma, pois parecia ser a única com gosto em me aturar) porque é que tínhamos “fugido”, era o termo, de Lusaka. Ela não sabia bem… não percebeu bem, mas não pareceu muito curiosa. Esta é outra particularidade de África e dos africanos. Por muito bizarras que pareçam algumas situações, as coisas são encaradas sempre com naturalidade, com um certo sentimento de inevitabilidade e, sobretudo, nada espanta ninguém. Em África acontece tudo, portanto porquê questionar?"(1)