Conflitos existenciais tomam conta da minha cabeça De onde eu vim e quem sou? Por que estou aqui e pra onde vou? Conflitos existenciais tomam conta da minha consciência Porque nada é como eu queria que fosse
*2 meses de conflitos existenciais ou como recuperar a cor natural depois de 5 meses sem apanhar sol em Madchester
"...pesquisa destinada a estudar os linchamentos por acusação de feitiçaria, em zona rural ou semi-rural. Na grelha das técnicas de pesquisa que estamos a usar, figura a colocação de duas perguntas feitas a alunos de escolas primárias, a saber: (1) o que se deve fazer a um ladrão?; (2) o que se deve fazer a um feiticeiro? O trabalho foi iniciado no distrito de Inhassunge, província da Zambézia."[F]
"Maputo est une capitale de la vieille Europe édifiée au bord de savanes en friches, une cité du XXe siècle plantée en plein XVe siècle. Un mirage, une île, une sorte d'Atlantide, une utopie des temps modernes : des avenues, de grands boulevards, des palais et des palaces, des chemins de fer, un Lisbonne tropical dont les buildings contemplent une flottille de rêves d'abondance, l'outre-mer à perte de vue. Derrière, l'or du Transvaal. Devant, l'océan Indien et ses épices. Ce devait être Manhattan. C'est Maputo. Une illusion. Les diplomates habitent avenue Mao Tsé-toung. Les bourgeois vont au spectacle entre les avenues de la Guerre-Populaire, Karl-Marx et Vladimir-Lénine. On fait ses courses avenue Hô-Chi-Minh. Les amoureux s'embrassent sous les ombres parfumées des jacarandas du front de mer, avenue Friedrich Engels. C'est beau comme tous les égarements. Si proches et si lointains. Maputo aujourd'hui, c'est La Havane après la mort de Fidel Castro. Un Cuba renaissant. Une révolution qui a bien tourné."[F]
"Oito anos depois, eis-me de novo em terras moçambicanas. A chegada não foi fácil e a passagem pelo aeroporto de Maputo coloca a Metamorfose de Kafka na secção de livros infantis. Pouco depois de sair do avião e entrar no edifício foi uma alucinação. Como não tinha boletim de vacina, fui imediatamente picado e vacinado contra a febre-amarela, mesmo depois de explicar que a vacina não é obrigatória para os passageiros do espaço Shengen. De imediato exigiram-me 50 dólares. O pesadelo continuou com as malas, o visto de entrada e a revista da bagagem. Uma série de “prestadores de serviços” garantem vistos rápidos e malas não revistadas. O valor-base nas chegadas do aeroporto são 20 dólares ou euros. Sempre a multiplicar. Depois do pesadelo, consegui finalmente respirar de alívio fora do local do saque. A promiscuidade entre as autoridades alfandegárias e os prestadores de serviços impressionou-me(... )Depois foi deixar o olhar vadio guiar os restantes sentidos para fazer o update de um país fantástico, em luta contra o subdesenvolvimento, mas que se esqueceu de uma das portas de entradas do país, o aeroporto." (F)
Tirem-nos a terra em que nascemos, Onde crescemos E onde descobrimos pela primeira vez que o mundo é assim: um tabuleiro de xadrez...
tirem-nos a luz do sol que os aquece, a lua lírica do shingombela nas noites mulatas da selva moçambicana (essa lua que nos semeou no coração a poesia que encontramos na vida) tirem-nos a palhota – humilde cubata onde vivemos e amamos, tirem-nos a machamba que nos dá o pão, tirem-nos o calor do lume (que nos é quase tudo) – mas não nos tirem a música!
Podem desterrar-nos, Levar-nos Para longes terras, Vender-nos como mercadoria, Acorrentar-nos À terra, do sol à lua e da lua ao sol, – mas seremos sempre livres se nos deixarem a música!
Que onde estiver nossa canção, Mesmo escravos, senhores seremos; E mesmo mortos viveremos. E no nosso lamento escravo Estará a terra onde nascemos, A luz do nosso sol, A lua dos shingombelas, O calor do lume, A palhota onde vivemos, A machamba que os dá o pão!
E tudo será novamente nosso, Ainda que de cadeia nos pés E azorrague no dorso... E o nosso queixume Será uma libertação Derramada em nosso canto!
– por isso pedimos, de joelhos pedimos: tirem-nos tudo... mas não nos tirem a vida, não nos levem a musica!
IVS:lançaste o teu single: “As mentiras das verdades” pela editora “Cotonete Records”, que está a ter sucesso para alem de fronteiras. Como explicas este sucesso?
Azagaia: Eu acho que é pelo facto desta música ter servido como uma via de escape para todos e sentimentos e preocupações guardadas no íntimo de todo moçambicano, esta música abordou temas que só se tinha a coragem de falar baixinho nas esquinas ou na segurança do lar, este som simboliza a revolta camuflada no coração e mente de todos que se sentem oprimidos por este sistema que ainda não consegue chegar às verdadeiras necessidades do povo, pelo contrário distancia-se cada vez mais, produzindo um fosso entre os muito ricos e os muito pobres, eu diria também que este som mostra que a nossa história ainda tem muitas incógnitas e é apenas escrita pelos “vencedores”, então o povo aplaudiu esta iniciativa do verdadeiro exercício de liberdade de expressão que muitos evitam por medo de perder o emprego ou no pior dos casos ser vítima de violência.(F)
"...em Paris bebe-se cerveja sem alcool quando se tem sede, no Maputo bebe-se cerveja com alcool mesmo quando não se tem sede. Em Paris come-se baguetes quando se tem fome, aqui quem não tem fome é que tem baguetes..." (1)